11 março 2020

rui caeiro / alheios à catástrofe geral



Alheios à catástrofe geral
e ao frio que faz
despimo-nos
colocamos na banca de cabeceira
o relógio a pulseira os brincos
e o mal de viver

Enquanto lá fora pela cidade
os outros (à   sua   maneira   também
alheios)
almoçam riem conversam
nós percorremos devagar as áleas
de um jardim


rui caeiro
o quarto azul e outros poemas
o sangue a ranger nas curvas apertadas do coração
maldoror
2019






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