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15 maio 2020

mário cláudio / cefaleia


Sem que os víssemos nos viam
marcavam a hora,
elegiam a rua,
compravam um jornal que nem desfolhavam.

Eram estranhos,
retiravam um cartão,
abandonavam as mesas
precipitadamente.

Há anos isto foi,
os ossos nos
magoam desde então.


mário cláudio
hífen 4 abr/set 89
cadernos semestrais de poesia
viagens
1989







09 março 2020

mário cláudio / svyatoslav richter



Da infância viera a corrida do alce,
          o ouvido atento ao pólen
          dos lírios.

Por entre os dedos a areia te corria,
          à transparente garganta da
          ampulheta.

Diante da morte ficaste, limpo de
          lodo e de nuvens.



mário cláudio
programa de apresentação da hífen 10
pequeno auditório rivoli teatro municipal
25 de outubro de 1997






06 janeiro 2020

mário cláudio / orvieto, 15.9.86



tiago manuel


Orvieto, 15.9.86

Na máscara de um etrusco se transformava, às vezes. Brilhava no bronze que o poente tingia, a cada instante se esfarelando. Era um grito de guerra, o estertor da posse consumada. Adiava-se por terrenos semeados, necrópoles acabadas de exumar, vindimas de mosto e sangue. Dele se contava que havia conhecido a alegria mortuária, o gesto pequeno com que ao além se transita. Bastava isso à respiração, em sua companhia viajávamos nas galerias da terra.



mário cláudio
hífen 1 out. 87/ mar. 88
cadernos semestrais de poesia
1987