I
Desculpem esta aparência de defeito nas nossas
relações. Nunca saberei explicar-me.
Ser-vos-á impossível considerar-me a cada encontro
como um bolo? Agora rio-me de falar disto tão a sério, varo Horatio! Tanto pior!
Qualquer que seja vinda de mim a palavra guarda-me melhor que o silêncio. A minha
cabeça de morto parecerá iludida pela sua expressão. Isso não acontecia a
Yorick quando falava.
II
Forçado muitas vezes a fugir pela palavra, que ao
menos eu tenha podido por vezes desfigurar um pouco, revirada por um golpe de
estilo, essa bela linguagem, para que em suma ela renomeie Ponge segundo
Paulhan.
francis
ponge
alguns poemas
tradução de manuel gusmão
livros cotovia
1996