Os meus delírios,
confissões rimadas
de pessoas mimadas.
Preces ocas, suspiros.
Os meus assédios,
confissões caladas
de pessoas ignoradas.
Monte de sonhos perdidos.
Os meus demónios,
confissões quotidianas
de pessoas esteriotizadas
ultrapassando martírios.
Meus sentimentos doentios,
confissões irritadas
de pessoas maltratadas.
Nenhuma voz, apenas gritos.
E espero para poder falar...
Daniel Delgado
19 outubro 2006
post it / daniel delgado
10 outubro 2006
estações
Joan Miró. Dog Barking at the Moon.
1926.Oil on canvas. 73 x 92 cm. The Philadelphia Museum of Art, Philadelphia, PA, USA.
Dog Barking at the Moon, de Juan Mirró
Olhá-la
como um portal de luz por onde passam os sonhos
e chamar-lhe lua
depois
superar o céu até a noite não doer mais
e resolver o enigma da escada
como se cada degrau fosse feito de tempo
e cada minuto tivesse a forma do desejo
e cair na eternidade como o olhar de um cão
gil t. sousa
poemas
2001
26 setembro 2006
do outro lado do mar / chile
Rafael Farías Becerra
"...pues para fascinar mis amantes sedientos,
puros espejos tengo que hacen las cosas bellas:
mis grandes ojos y las eternas estrellas."
La Belleza.
Charles Baudelaire.
las maravillas del estelar
ahora que nos hemos cansado de sentirnos bellos
de admirar nuestro reflejo así
deseando tantas maravillas del estelar
nuestra vida en los reality
bailando a la luz electrodoscópica en el terreno eriazo
que diríamos
un nuevo espleen nos conmueve
a nosotros
los tan dados al show
a las delicadezas del espectáculo
quienes lo dejaríamos todo
por bailar tras el espejo
reinas de los corazones
todos íbamos a ser reinas de los corazones
no importando el precio de las famas
si cualquiera podría ser el escenario
para que nosotros desde abajo
les aplaudiéramos los escombros
les dibujáramos mientras el baile
la silueta de estrellita poblacional
y el beso bajo los reflectores
la única ilusión
de sacarle otra sensación al juego
que no fuera la marginalidad de estos lares
&
Marcos Arcaya Pizarro
cuanto de razón tengo
se me pierde
vengo en ti
una boca
2 bocas
se me parte
los más queridos estos
del suelo en lo oscuro se quedarán
. .......... . y sepultados
que el otro mundo es este
y no se iguala ninguno
al pavimento eterno de su gloria
PORQUE YO ME enserio
y salgo
lloro
también
un poco
. .......... . lloro
pienso y no
sucio soñar de barro
a veces o ceniza
(un nicho helado)
DE MI dentro
TODO HUECO LO GUARDO
lo atesoro casi
me regio
y salgo
pero tanto duele tanto
al pie de mi cama
tanto
el tiempo trepa
de mi cara
salto
PERO trepa
EL ROSTRO MIO/el suyo
mi cara se me va
pienso y no
lo atesoro casi LA
una canción
mi ama
mi cholita
. .......... . MI TRISTE
CÁNTAME
en lengua mestiza
. .......... . de muy del sur
así como Chile
tan profundo rueda por mí
el amor que no existe
canta. .......... . me
nada existe
dentro
estas torres
su mugre
tan tan yo
ESTA MUGRE
tantas cosas amé
se esclarece
me abre
mi mugre mi sucio yo
el sentido sin
MI ÁNGEL
. .......... . MI MUY SUCIA
bendito corazón llagado suyo en cada pecho sí
los huesos soldados por trapos y las cursilerías
lágrimas nuestros llantos en amargo se les nombrará
un día milagros de santos pero no
Por estos halos tenues los
dientes podridos
libaciones de sangre por su costra
en las manos
de fondo por lo alto las montañas insanas
donde veo colores
mil desierto siempre
de mi cara
19 setembro 2006
do mesmo lado do céu
1/3 dos leitores ou visitantes desta página são oriundos da América Latina: Brasil, Argentina, Chile, Peru, Uruguay, México, Venezuela, Equador, Colômbia… Têm-me escrito, demonstrando apreço pelo que aqui se tem publicado, enviado textos, partilhando experiências de escrita.
Hoje apetece-me saudar toda essa gente do lado de lá do mar, porém do mesmo lado do céu.
12 setembro 2006
post it / m. f. s.
conta-me histórias de terror
das que arrepiam as articulações
histórias às cores fantasmagóricas
com suaves ectoplasmas
com muito ketchup
negrumes pelos cantos
e abismos
conta-me histórias de plástico
americano com perucas perfuradas
babas luminescentes
suspensas nas teias
pré-fabricadas
vítimas deliciadas
carrascos amedrontados
conta-me a versão revista
e ampliada da menina de capuz
sanguinolento
dentes de loba
adolescente
vestidinho de boneca assassina
diz-me como foi
que ela conseguiu
escapar à feroz avozinha
conta-me tudo
com muitos pormenores
não te enganes na sequência
que te farei repetir tudo
até o arrepio voltar
m.f.s.
11 setembro 2006
new york, 11 de setembro de 2001
O que mais assusta nesta data é que, muito provavelmente, ela ficará na História como a fronteira entre um tempo em que o mundo ia mudando pela força do pensamento dos homens e um outro bem mais obscuro em que os homens mudam o pensamento pela força do mundo.
gil t. sousa
05 agosto 2006
um poema de: rené char
O Verão cantava sobre a sua rocha preferida
quando tu me apareceste,
o Verão cantava afastado de nós
que éramos silêncio,
simpatia,
liberdade triste,
mar
mais ainda do que o mar,
cuja enorme comporta azul
brincava aos nossos pés.
O Verão cantava
e o teu coração nadava longe dele.
Eu beijava a tua coragem,
entendia a tua perturbação.
Estrada através do absoluto das vagas
em direcção a esses altos picos de escuma
onde navegam virtudes assassinas
para as mãos que seguram as nossas casas.
Não éramos crédulos.
Éramos rodeados.
Os anos passaram.
As tempestades morreram.
O mundo partiu.
Sofria
por sentir que era o teu coração que já não me conhecia.
Eu amava-te.
Na minha ausência de rosto e no meu vazio de felicidade.
Eu amava-te,
mudando em tudo,
fiel a ti.
rené char
furor e mistério
trad. margarida vale de gato
relógio de água
2000
24 julho 2006
reflexões
Guerra
O dedo tremente de uma mulher
Vai percorrendo a lista das baixas
No entardecer do primeiro dia de neve.
A casa é fria e a lista longa.
Todos os nossos nomes lá estão.
Charles Simic
Traduzido por José Lima
in Diversos nr. 2
23 julho 2006
pictures at an exibition / edgar degas
Dancers at the Barre, ca. 1873
Edgar Degas (1834–1917)
Oil thinned with turpentine on prepared green paper; 472 x 625 mm
The Trustees of the British Museum (2005).
19 julho 2006
post it / anderson henrique de sousa
Quase um dia
Um dia sem vento
é quase
um dia
Chega mesmo
a dar agonia
ver as nuvens
paradas
no céu
Os prédios nem se movem.
Só o som do elevador
de
cima
para
baixo
As nuvens estão
paradas
quase
um dia
anderson henrique de sousa
São Paulo
14 julho 2006
citações
Calor
Tarde turquesa
Quarenta graus
Talvez porque você não esteja
tudo lateja
Tarde sem nuvem
Cincoenta graus
Talvez por sua ausência
tudo derreta
Noite sem ninguém
Nada se mexe
Eu sonho nosso amor a sério
E você em outro hemisfério
Enquanto tudo derrete
Enquanto tudo derrete
Enquanto tudo parece
Derreter
Adriana Calcanhoto
04 julho 2006
estações
último degrau
assim te levaria
pelo último degrau da lua
e no definitivo clarão
do vinho que me queimasse
deixaria ir
quase tudo o que morria
gil t. sousa
poemas
2001
29 junho 2006
post it / m. f. s.
candelabros minha flor de laranjeira
sussurrava o sussurrante ao ouvido esquecido
candelabros ofuscantes na paisagem futurista dos teus sonhos
entre leitos alvos espalhados na planície
luzes incolores nos olhos das crianças adormecidas
candelabros meu amor de fim de mundo
m.f.s.