Sou o último soldado napoleónico. Quase duzentos
anos passados, estou ainda em retirada de Moscovo. A estrada é ladeada por
bétulas e a lama chega-me aos joelhos. A mulher com um só olho quer vender-me
um frango e eu estou completamente nu.
Os alemães vão para um lado, eu para o outro. Os russos
vão ainda para outro e dizem adeus. Comigo tenho um sabre de gala. Uso-o para
cortar o cabelo, que está com um metro e vinte.
charles simic
o último soldado de napoleão
trad. francisco josé craveiro de carvalho
edições eufeme
2018