22 julho 2012

charles simic / ponta de lápis vermelho


  


Afiaram-te bem aguçado
Com uma lâmina ferrugenta.
Depois uma mão desconhecida
Varreu as aparas Para a palma húmida
E desapareceu de vista.

Repousas agora na secretária
Junto desse documento de ar oficial
Com uma longa lista de nomes.
Cabia-nos a nos imaginar o resto:
O tecto alto com rachas
E manchas de humidade irregulares:
A janela de onde se avistam
Os telhados cobertos de neve.

Um mundo vário e inconcebível
Rodeando de todos os lados
A tua severa presença!
Ponta de lápis vermelho




charles simic
traduzido por josé lima
in diversos nr. 2



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