16 julho 2012

eduardo garcía / quando a pele


  


Sou frágil nas tuas mãos, sou papel,
e quando o mar se lança e se retira
sinto o furor calado das constelações,
a fuga das feras no jardim em chamas,
o clamor das aves se amanhece.
Então somos mais que duas figuras
que o combate conduz ao esquecimento.
Somos o mar, a terra que perdura,
o seu pulsar animal, um estertor
ditoso que nos traz a estas paredes.
Os humildes objectos sorriem-nos.




eduardo garcía
poesia espanhola, anos 90
trad. de joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2000



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