06 julho 2012

thom gunn / blackie, o rembrandt eléctrico


  


Espreitamos pela frente da loja enquanto
Blackie desenha estrelas uma igual

concentração nesses rostos,
o seu e o do jovem. A mão

é firme e certa;
mas o rapaz não a vê

pois os seus olhos seguem o ponto
que toca (movimento rápido e escuro!)

um braço ainda puro abaixo
da sua manga arregaçada: sustém a respiração.

… Agora que está terminado, ele
paga com algumas notas a Blackie

e sai com uma ligadura no
braço, sob a qual cintilam dez

estrelas, pendendo de um cacho espesso
e azul. Agora ele é como as estrelas.





thom gunn
a destruição do nada e outros poemas
trad. maria de lurdes guimarães
relógio d´água
1993


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