Gostava da minha pequena toca,
A janela face a um muro de tijolo
Ao lado havia um piano.
Todos os meses havia umas quantas noites
Em que um velho inválido
Vinha tocar "Meu Paraíso Azul".
Em geral, porém, reinava o silêncio.
Cada quarto com sua aranha de pesado sobretudo
Caçando sua mosca com uma teia
De fumo de cigarro e devaneio
Tão escuro,
Que nem a minha cara via no espelho da barba.
Às cinco da manhã o rumor de pés descalças na escada.
É o "Cigano", que lê a sina
Na loja da esquina, e vai mijar depois de uma noite de amor.
Certa vez, também o soluçar de uma criança.
Tão perto, que por momentos pensei ser eu próprio a soluçar.
charles simic
traduzido por josé lima
diversos nr. 2
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