11 novembro 2014

guillaume apollinaire / a ponte mirabeau




Sob esta ponte passa o rio Sena
             e o nosso amor
      lembrança tão pequena
sempre o prazer chegava após a pena

             Chega a noite a hora soa
             vão-se os dias vivo à toa

Mãos dadas nós fiquemos face a face
             enquanto sob
      a ponte dos braços passe
de eternas juras tédio que se enlace

             Chega a noite a hora soa
             vão-se os dias vivo à toa

E vai-se o amor como água corre atenta
             e vai-se o amor
     ai como a vida é tão lenta
e como só a esperança é violenta

            Chega a noite a hora soa
            vão-se os dias vivo à toa

Dias semanas passam à dezena
            nem tempo volta
     nem nosso amor nossa pena
sob esta ponte passa o rio Sena

            Chega a noite a hora soa
            vão-se os dias vivo à toa




guillaume apollinaire
poesia do século xx
(de thomas hardy a c. v. cattaneo)
tradução de jorge de sena
editorial inova
1978




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