Na linha rubra do horizonte, a serra,
como um monstro, adormecido,
tem o ar repousado e indefinido
de quem dorme há mil anos sobre a terra!
O arvoredo, os braços nus descerra
para o azul, já frio e diluído –
curvado o tronco negro e carcomido
rezando pelo sol que se desterra…
Ao longe os corvos, velhos e palreiros,
lá andam a contar pelos outeiros
feitiços de gigantes encantados!...
E o vento desvairado em seu fragor
vai pelos montes, repetindo a dor,
dos que andam pela vida, desgarrados.
Outubro de 1922
judith teixeira
castelo de sombras
1923
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