No deserto,
onde o céu é redondo,
de mim mesmo sou miragem.
Na areia
me afundo, defunto,
até não haver sombra
senão sob cansaços de pálpebras.
Quando não há mais
que vento e dunas,
em mim invento o derradeiro oásis.
Uma raiz
então me convoca,
pedindo-me certo e definitivo.
Não nasci, porém,
para junto de fontes morar.
De novo,
vou por onde não há caminhos.
E só no fogo deixo pegada.
mia couto
tradutor de chuvas
caminho
2013
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