20 agosto 2016

juan lamillar / ignoram



Ignoram as estátuas, os fragmentos antigos,
as precárias mãos que no tempo
levantam muralhas, torres, arcos,
edifícios esvaziados pela morte.
Os deuses esculpidos são lembrança:
tão frágil, que um regato apaga
suas cores de ira, ou piedade ou calma.
Ninguém sabe de deuses:
ignoram seus mandatos escritos na pedra,
e até na pedra olham só o nada.
Porque diante de seus olhos
começam a viver a planície e o rio,
e o mar desperta,
e as árvores dançam entrelaçadas, únicas,
e o sol é um desejo que as suas mãos tocam.


juan lamillar
tradução de josé bento
canal nr. 5
revista de literatura
palha de abrantes
1999



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