Chegas tarde ao
teu tempo. palavras duras
que escuto
agora como uma derrota.
Mas já não sei
de nenhum combate,
nem que tempo
era o meu. É uma pena
não se ser
ninguém, ter errado
o comboio,
perdido as malas,
adormecido no
banco, passar ao largo,
e achar-se
agora sem roupa limpa,
cansado, num
hotel reles de uma só
e má estrela,
que deve ser a minha.
Prescindirei de
tudo menos do poeta
que fica do
desastre. Fingirei ver
que no fim de
contas errei o século:
isto será Paris
e eu Verlaine.
joan margarit
misteriosamente feliz
trad. miguel
filipe mochila
flâneur /
língua morta
2020