Estase na escuridão.
Depois a bátega de um azul
Imaterial sem fragas nem distância.
Leoa de Deus,
Como fomos sendo uma só,
Eixo de calcanhares e joelhos! – O sulco
Afasta e passa, irmão do
Aro castanho
Do pescoço que não consigo agarrar.
Olhos como os de negro
Bagas lançando escuros
Ganchos –
Bocados de sangue adocicado,
Sombras.
Outra coisa
Me arrasta pêlos ares –
Quadris, cabelo;
Achas dos meus tacões.
Godiva
Branca, não me cai a pele –
Mãos mortas, rigidez de morta.
E agora, eu
Espuma de trigo, um brilho de mares.
O grito de criança
Funde-se na parede.
E eu
Sou a seta.
O relento que voa
Suicida, à uma, em força
Em direcção ao Olho
Vermelho, o caldeiro da manhã.
sylvia plath
ariel
trad. maria fernanda borges
relógio d´ água
1996