fora de mim
como não me interessa nenhuma realeza
salvo a do coração.
que em qualquer monarquia do mundo.
E há mais saudade no meu nada
que em qualquer memória do passado.
daquilo que já não é do Homem
mas da criança eterna e presente.
O sebastianismo é a consciência da criança no Homem.
Essa consciência é que é a antiga tristeza lusitana
tão próxima e tão real aqui.
A saudade impossível
a saudade do presente
a saudade que já mão é saudade
mas nada e presença.
a saudade é a consciência da Primavera
e no Homem
ela é a consciência de ser menino
então nada há aqui de memória ou de desejo
de lembrança do antigo ou de esperança no porvir
de desespero do mesmo
ou de ânsia de qualquer outro.
no instante único e eterno deste presente.
mas ser nada.
fria e nua
eu sou a alegria e a plenitude do canto
a graça e a consciência da luz.
apeadeiro
revista de atitudes literárias
nr. 1 primavera 2001
quasi
2001