Noite, vão para ti meus pensamentos,
quando olho e vejo, à luz cruel do dia,
tanto estéril lutar, tanta agonia,
E inúteis tantos ásperos tormentos...
Tu, ao menos, abafas os lamentos,
Que se exalam da trágica enxovia...
O eterno mal , que ruge e desvaria,
Em ti descansa e esquece, alguns momentos...
Oh! antes tu também adormecesses
Por uma vez, e eterna, inalterável,
Caindo sobre o mundo, te esquecesses,
E ele, o mundo, sem mais lutar nem ver,
Dormisse no teu seio inviolável,
Noite sem termo, noite do Não-ser!
antero de quental
sonetos
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