Sol, que dá nas ruas, não dá
No
meu carinho.
A felicidade quando virá?
Por
que caminho?
Horas e horas por fim são meses
De
ansiado bem.
Eu penso em ti indecisas vezes,
E tu
ninguém!
Não tenho barco para a outra margem,
Nem
sei do rio
Ah! E envelheceu já tua imagem
E eu
sinto frio.
Não me resigno, não me decido,
Choro
querer...
Sempre eu! Ó sorte, dá-me o olvido
De
pertencer!
Enterrei hoje outra vez meu sonho
Amanhã virá
Tornar-me triste por ser risonho,
E não
ser já.
1917
fernando
pessoa
pessoa por
conhecer - textos para um novo mapa
estampa
1990
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