02 maio 2017

ángél gonzález / como se nunca




     É algo mais que o dia o que morre esta tarde?
O vento,
                          – que leva ele?
que aromas arrebata?
Desatadas de súbito as folhas das árvores
cegas vão pelo céu.
Pássaros altos atravessam, adiantam-se
a luz que os guia.
                               Sombria claridade
será já em outro sítio
 – só por um instante –
madrugada.

     Com bandeiras de fumo alguém me avisa:

      – Olha bem tudo isto:
isto que passa
não voltará jamais
e é como se nunca tivesse sido

     efémera matéria de tua vida.



ángél gonzález
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
trad. josé bento
assírio & alvim
2001




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