É algo mais que o dia o que
morre esta tarde?
O vento,
– que leva ele?
que aromas arrebata?
Desatadas de súbito as folhas das árvores
cegas vão pelo céu.
Pássaros altos atravessam, adiantam-se
a luz que os guia.
Sombria claridade
será já em outro sítio
– só por um instante –
madrugada.
Com bandeiras de fumo alguém
me avisa:
– Olha bem tudo isto:
isto que passa
não voltará jamais
e é como se nunca tivesse sido
efémera matéria de tua vida.
ángél gonzález
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
trad. josé bento
assírio & alvim
2001
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