30 outubro 2015

s. kierkegaard / a minha mágoa é o meu castelo senhorial



A minha mágoa é o meu castelo senhorial, que, tal como um ninho de águia, fica bem lá no alto, no cume das montanhas, entre as nuvens. Ninguém pode tomá-lo de assalto. De lá voo, descendo sobre a realidade e apanho a minha presa. Mas não fico lá em baixo – trago a minha presa para casa e essa presa é uma imagem que eu teço nas tapeçarias do meu castelo. Então, vivo como um morto. Tudo aquilo que é vivido mergulho-o no baptismo do esquecimento, para a eternidade da recordação. Todo o finito e casual é esquecido e apagado. Então, fico pensativamente sentado, como um velho homem grisalho, e explico as imagens em voz suave, quase sussurrante, e ao meu lado está sentada uma criança e escuta-me, apesar de se lembrar de tudo antes de eu lho contar.



s. kierkegaard
diapsalmata
assírio & alvim
2011




2 comentários:

O Grunho disse...

Kierkegaardiano sou.

Gyzelle Góes disse...

Sua mágoa é como uma maré de poesia