13 outubro 2015

vicente valero / mar sem caminhos


II

Feliz aquele que um dia, depois de ter sulcado
os mares do planeta e de ter conhecido
a terra desolada, a noite dos homens,
cansado se dirige para uma pátria pobre
que é herança e conquista:

uma pátria no seu peito, onde o amor e o ódio
ancoraram com lendas e habitaram o mundo,
e foram para sempre o centro das sãs obras
e dos seus pensamentos: uma pulsação ignorada,
ainda que firme e profunda.

E agora que o sabe, medita e já não sofre.



vicente valero
trípticos espanhóis (2º)
tradução de joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2000




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