31 outubro 2015

marin sorescu / duas vezes



Olho para todas as coisas
Duas vezes:
Uma para me alegrar,
Outra para me entristecer.

As árvores têm gargalhadas
Na coroa das flores
E uma grande lágrima
Na raiz.
O sol ainda é jovem
No extremo dos raios,
Mas esses raios
Estão cravados na noite.

O mundo cabe todo
Entre estas duas capas
Onde fui amontoando
Todas as coisas que amei
Duas vezes.


marin sorescu
simetria
tradução colectiva revista, completada e apresentada
por egito gonçalves
poetas em mateus
quetzal
1997





1 comentário:

Gyzelle Góes disse...

E essas capas envoltas a poesia que te fazem descrever