15 outubro 2013

eugénio de andrade / ostinato



Ao desejo, à
sombra aguda
do desejo, eu me
abandono.

Meu ramo de coral,
meu areal, meu
barco de oiro, eu
me abandono.

Minha pedra de orvalho,
meu amor, meu punhal,
eu me abandono.

Minha lua queimada.
violada, colhe-me,
recolhe-me: eu me
abandono.

  

eugénio de andrade



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