Vislumbrar humanidades é treino diário de contemplação.
Alguém recita uma poesia belíssima e inaudível, encoberta
pelas vozes que tentam ser a voz. Não aceito essa nossa
tentativa de glória, nem a ausência de enxofre nos santos,
não ao correr frenético do mundo, ao amor sem sujeira, não
aceito a tentativa de transformar a vida em lugar asséptico.
Atirem pedras, rompam vitrines, admirem as figueiras bai-
lando de sua força imóvel sobre
os homens. Toquem e to-
quem tudo, quebrando as janelas, ferindo a palma com o
caco afiado daquilo que desejamos ser.
─ BEBA COCA-COLA ATÉ A MORTE.
Discursa a voz eterna, a falácia da nova era,
anunciando bons tempos, boas novas, mar remoto.
E os retirantes sucumbem, como touros imolados.
E os famintos comem migalhas de nossos dentes.
E as bombas chovem sobre crianças longínquas.
Esperamos a liberdade com preces para esse deus que es-
traçalha seus rebentos.
tiago fabris rendelli
euOnça
ano_um_volume_um
editora medita
2013
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