fiz uma cafeteira de café para mim,
fui de carro até à aldeia,
parando no correio,
a seguir no banco, onde descontei um pequeno cheque
de uma revista, e quando voltei para casa
li o jornal um bocado,
começando pela secção de ciência,
bebi outro café e comi uma tigela de cereais.
Não tinha fome nenhuma
mas parei por um momento
a olhar pela grande janela da cozinha
e foi então que percebi
que o papel da poesia é recordar-me
que há muito mais na vida
do que aquilo que faço habitualmente
quando não estou a ler ou a escrever poesia.
a aranha irlandesa & outros poemas,
trad. francisco josé craveiro de carvalho
do lado esquerdo
2023