dum fio de luz,
dos mais vagos e fugazes
movimentos do tempo,
de auroras furtivas,
de amores nascentes,
de imprevistos olhares.
E para exprimir o que sentíamos
há só uma palavra:
desespero.
Doce infinita profunda palavra.
dos homens que passam
sem estrondo maior que o de uma folha
que se transforma em terra.
Precário estado o seu.
a morte, um dissolver-se,
não um acabar,
e sem tempo, sem memória,
a viagem terrestre.
O sol está cansado de observar
uma vida tão monótona.
Assim falava um monge
indolente e bizarro,
lá no antigo Oriente:
pequeno homem assediado
por enormes fantasmas.
dez poetas italianos contemporâneos
trad. de albano martins
dom quixote
1992