03 maio 2023

joan margarit / depois de jantar

 
 
 
Oiço tocar à porta e vou abrir
mas não é ninguém.
Penso naqueles que amo e não virão.
Não fecho a porta e insisto em dar as boas-vindas.
Com a mão no puxador, espero.
A vida vai-se ancorando na dor
como as casas sobre os alicerces.
E sei por quem me demoro lançando o feixe
de luz familiar na rua deserta.
 
 
 
joan margarit
misteriosamente feliz
trad. miguel filipe mochila
flâneur / língua morta
2020




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