mais limites de árvores.
um charco era um espelho
que tinha sua esperança
e os musgos sabiam que a chuva
chegava cedo
quando o outono
escolhia os choupos das margens
para dar ao douro
o nome que um corpo sentia,
por quem são João da cruz
abandonava neve nas montanhas
e tudo era um livro aberto
de navios infantis
no caudal dos tanques.
e dorme neste quarto asilar
a que pertence a desordem
dos papéis.
os meus projectos são poucos.
apenas desejo sentir os ombros
sobre as ruínas das famílias sepultadas.
onde decido desprender-me
dos papéis insensatos e loucos.
nas vidraças
que escondem aquele recanto da casa
em que repousa a minha cabeça na travesseira.
tarde o reconheço.
alimenta vasos e sementeiras
que no pátio
dão alguma serenidade
àquilo que a poesia antecipa.
dispo o casaco vulgar
e a poeira torna-se líquida.
os remos são poucos
nas metáforas.
nem sei se o pão
que trouxe para as paisagens
bastará para a fome.
escrever foi um engano
o correio dos navios
2001
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