Dalguma maneira mantém o barco à tona.
Perguntas amáveis, a primeira vez que senti
a mão de um homem leve atrás
no pescoço, calor em todo o corpo
Contornando um carvalho para que ele não
me visse.
Rapazinho voa em torno
da minha felicidade, tanto para contar.
Nem tudo movimento em frente, mas quase tudo.
Será que nós os dois
agora fazemos felizes os outros?
Será que nos tornámos colectores, em paz com o destino?
*
Mais um quarto de cimento, só para dormir,
sem garrafas de água nem livros de oração guardados.
O primo
ao piano e já sonhando
sonhos inconfessáveis.
A tia nunca sonhando a fuga,
nem tudo o que de todos eles já fugiu.
O rapaz no quintal trauteando
melodias dissonantes, a balançar
empoleirado da janela de um dos quartos.
O calor e a quietude do ar nesse lugar,
à espera de esfregar as folhas verdes da amora
na tua cara, em tudo aquilo que está exposto
à espera de consolo. Arranham.
Cansada demais para imitar outra pessoa,
vou ficando devagar e confio nesse estar.
A ironia e a distância afastam-se da forma.
beth baruch joselow
poesia do mundo / 3
trad. adriana bebiano
afrontamento
2001