Prometo escrever-vos, lenços que se perdem no
horizonte, risos que empalidecem, rostos que caem sem peso sobre a erva húmida,
onde as aranhas tecem agora as suas teias azuis. Na casa do bosque estalam, de
noite, as velhas madeiras, o vento agita coçados cortinados, entra apenas a lua
através das gretas. Os espelhos silenciosos, agora, que grotescos!, envenenados
pentes, maçãs, malefícios, que cheiro a lugar fechado!, agora, que grotescos!. Terei
saudades vossas, nunca vos esquecerei. Lenços que se perdem no horizonte. Ao longe
ouvem-se pancadas secas, uma após outra as árvores sucumbem. Está à venda o
jardim das cerejeiras.
leopoldo maría panero
inimigo rumor, nº 14
tradução de pedro serra
livros cotovia
2003