O adjectivo?
Que horror
quando não é
incisivo
quando atira
para o vago
o pobre
substantivo
ou o circunda
de um halo
de um falso
resplendor,
em que o ouro
utilizado
não é ouro é
só dourado!
O sol assim
captado
é sol, mas
sol de teatro,
ouro em
falsete, luz barata,
e no prego
não dá nada,
que o prego
não acredita
(senão já
estava falido)
nesse ouro
sem quilate
que usam a
valdevina
e o poeta que
se orna
(que orneia,
melhor diria)
de luzidias
mentiras,
de poética
poesia.
Disse pouco
do que queria
na parte que
antecede.
Se é
discursiva, a poesia
também não
serve...
Voltando ao
adjectivo
(nada tenho
contra ele):
é melhor
ficar despido,
cosido co'a
própria pele,
do que pedir
emprestada
a piedosos
enchumaços
aquela
largura de ombros
que nos faz
ginasticados,
quando, em
verdade, não temos
mais
ginástica do que essa
em que somos
atletas
e que se
resume apenas
no aguentar
alegre
do peso
quotidiano
(pode ser que
para o ano
a terra nos
seja leve).
Tal como do
mal o menos
- e nesta
regra redijo-
antes quero
sóbrios termos
do que fingir
que sou rico...
alexandre o'neill
abandono vigiado
1960