Presa da chuva corre a prostituta,
corre presa,
e em frente é a porta aberta do palácio que lhe acena.
Mas à entrada,
o resto duma sereia emerge do escuro,
e um lobo acorda do sono dum tapete,
com uma risonha flor nos dentes,
que a uma claridade subterrânea
o palácio está sem tecto,
suas paredes transparecem,
todo ele é uma poça de água cintilando!
Fora,
uma lira de chuva num deserto
acena à prostituta…
edmundo de bettencourt
poemas surdos
assírio & alvim
1981
1 comentário:
Sempre um prazer reler a poesia de Edmundo de Bettencourt.
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