23 dezembro 2012

franco loi / eu era outro e via-me a morrer



Eu era outro e via-me a morrer
como a dormir se vê a sombra.
Põe medo a morte dentro do coração
e foge atrás de um espelho, e lá estou eu.
Vejo a vida e a vontade de morrer:
façam o que quiserem, mas usai-me!
Chamai-me, chamai-me, não me deixes dormir,
pois sinto que esqueço a minha história
e me torno o homem do meu morrer...
Amor que vem a mim da luz da lua,
alegria de água que passa entre os vivos!




franco loi
memória
colecção poetas em mateus
trad. rosa alice branco
quetzal
1993

22 dezembro 2012

fernando pessoa / chuva oblíqua



I

ATRAVESSA esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...

O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...

Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...

Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
e vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...

II

Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...

Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro...

O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...

A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...

E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa...

III

A Grande Esfinge do Egito sonha pôr este papel dentro...
Escrevo - e ela aparece-me através da minha mão transparente
E ao canto do papel erguem-se as pirâmides...

Escrevo - perturbo-me de ver o bico da minha pena
Ser o perfil do rei Quéops...
De repente paro...
Escureceu tudo...

Caio por um abismo feito de tempo...
Estou soterrado sob as pirâmides a escrever versos à luz clara deste candeeiro
E todo o Egito me esmaga de alto através dos traços que faço com a pena...

Ouço a Esfinge rir por dentro
O som da minha pena a correr no papel...
Atravessa o eu não poder vê-la uma mão enorme,
Varre tudo para o canto do teto que fica por detrás de mim,
E sobre o papel onde escrevo, entre ele e a pena que escreve
Jaz o cadáver do rei Queóps, olhando-me com olhos muito abertos,
E entre os nossos olhares que se cruzam corre o Nilo
E uma alegria de barcos embandeirados erra
Numa diagonal difusa
Entre mim e o que eu penso...

Funerais do rei Queóps em ouro velho e Mim!...

IV

Que pandeiretas o silêncio deste quarto!...
As paredes estão na Andaluzia...
Há danças sensuais no brilho fixo da luz...

De repente todo o espaço pára...,
Pára, escorrega, desembrulha-se...,
E num canto do teto, muito mais longe do que ele está,
Abrem mãos brancas janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
De haver uma noite de Primavera lá fora
Sobre o eu estar de olhos fechados...

V

Lá fora vai um redemoinho de sol os cavalos do carroussel...
Árvores, pedras, montes, bailam parados dentro de mim...
Noite absoluta na feira iluminada, luar no dia de sol lá fora,
E as luzes todas da feira fazem ruídos dos muros do quintal...
Ranchos de raparigas de bilha à cabeça
Que passam lá fora, cheias de estar sob o sol,
Cruzam-se com grandes grupos peganhentos de gente que anda na feira,
Gente toda misturada com as luzes das barracas, com a noite e com o luar,

E os dois grupos encontram-se e penetram-se
Até formarem só um que é os dois...
A feira e as luzes das feiras e a gente que anda na feira,
E a noite que pega na feira e a levanta no ar,
Andam por cima das copas das árvores cheias de sol,
Andam visivelmente por baixo dos penedos que luzem ao sol,
Aparecem do outro lado das bilhas que as raparigas levam à cabeça,
E toda esta paisagem de primavera é a lua sobre a feira,
E toda a feira com ruídos e luzes é o chão deste dia de sol...

De repente alguém sacode esta hora dupla como numa peneira
E, misturado, o pó das duas realidades cai
Sobre as minhas mãos cheias de desenhos de portos
Com grandes naus que se vão e não pensam em voltar...
Pó de oiro branco e negro sobre os meus dedos...
As minhas mãos são os passos daquela rapariga que abandona a feira,
Sozinha e contente como o dia de hoje..

VI

O maestro sacode a batuta,
E lânguida e triste a música rompe... Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé de um muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...

Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há arvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

[8-3-1914]



fernando  pessoa


21 dezembro 2012

adrienne rich / despertar nas trevas




5.

Toda a noite sonhando com um corpo
que o espaço verga de outro modo que o meu
Fazemos amor na rua
o trânsito corre para longe de nós
arrepiando como um lençol
o asfalto agita-se com ternura
não há qualquer apreensão
movemo-nos em conjunto como plantas subaquáticas

Uma e outra vez, começando a despertar
Mergulho de costas para te descobrir
sussurrando ainda, toca-me, continuamos
fluindo através desse lento
oceano da floresta de luzes da cidade
agitando a capilosidade do corpo.

Mas isto é o que se diz em sonhos
despertando
gostaria que houvesse um espaço
real em que nos pudéssemos situar
passando-nos os binóculos
olhando para a terra, a lenha
onde começou a racha.




adrienne rich
diving into the wreck, 1973
tradução de margarida vale de gato




Melancholia Prologue / Richard Wagner "Tristan und Isolde" Overture

20 dezembro 2012

kenneth koch / o circo


1

Teremos de partir, disseram as raparigas do circo,
E nunca mais voltaremos. Não há público bastante
Nesta cidadezinha. À espera contra o céu negro e azul,
Os grandes carros do circo levaram-nas para as suas entradas.
A luz esmoreceu sobre as colinas onde a caravana do circo desapareceu.
Por baixo dos vestidos as raparigas do circo transpiravam,
Mas então, com a malha cor de laranja cingida ao corpo, uma delas
Falou com olhos azuis, era jovem e linda, loira
De olhos brilhantes, falou com a boca aberta ao espirrar
Levemente contra as costas das outras raparigas que esperavam em fila,
Para rodarem a corda, ou descerem rodopiando presas pelos dentes,
E disse que o circo poderia partir - havia cartazes vermelhos
Colados ao exterior da caravana, estava a começar a
Chover - disse que poderia partir mas nunca o seu coração partiria,
Não daquela cidade, mas mesmo de qualquer outra onde tivessem estado, arriscando a
vida,
E cada um desses lugares onde estiveram devia ser festejado pelo azul rosmaninho
Num canteiro da cidade. Mas elas riram, raparigas do circo agarradas
Umas às outras enquanto a caravana se lançava pela noite.




kenneth koch
a magia dos números e outros poemas
trad. antónio franco alexandre
quetzal
1992



19 dezembro 2012

marc granell / entardecer festivo



 
Aqui sentado.
Enquanto o sol pestaneja nos charcos que ontem
quebraram a eterna simetria do pátio
onde todos os dias ao entardecer
fazíamos ginástica uniformizados,
azul e branco, entre quarenta
meninos sufocados nos seus gritos,
nos seus anseios para cada um ser
o mais hábil, mais veloz, mais forte,
para ser o mais inutilmente livre.
Aqui sentado.
Enquanto sofrias a chuva
por não ser bastante para inundar as caves
e arrastar consigo
o cavalo de arções, as barras, as paralelas
que nunca puderam sustentar-me
e apagar a sua memória, que ninguém
soubesse alguma vez que existiam
tais artefactos de tortura inocente.
Aqui sentado.
Enquanto rezavas – sem saber a quem.
Tu já não acreditavas, mas sim, era necessário
acreditar no inferno – e sentias
galopes de formigas correr pelo teu ventre
e rias, sem qualquer vontade, das piadas de algum companheiro
e esperavas.
Aqui sentado.
Enquanto observas a gente que passa
o sol pestaneja nos charcos
e já não importa. É festa
neste entardecer.



marc granell
quinze poetas catalães
tradução de egito gonçalves
ed. limiar, porto
1994


18 dezembro 2012

vitor matos e sá / companhia violenta




É preciso que saibam: este rosto
não está à venda. Há quarenta
e cinco anos que o trago apenas
para dar e receber o espanto
do amor e do tempo, do eco e da rosa
e a violenta companhia
insubstituível do mundo.

Os amigos mortos e sepultados
sob este sorriso, também não estão
à venda - é com eles que entro
na força dos versos em que falo
de nós todos. Estes olhos
já leram Platão (entre outros)
já viram chegar a noite
nas grandes cidades, corpos proibidos
homens e mulheres sem paixão
moribundos face a face com o absurdo
de um tempo já maior de quanto há neles

e casais cumpridores que não gastaram nunca
um tostão de amor a mais.

Já todos dormimos em má companhia
(mesmo se nos limitamos a dormir
inteiramente sós - e até por isso)

Meus prósperos e
devotos irmãos atarefados, deixai-me
em paz. Ou então dêem-me um pouco
de tabaco ou mandem-me
de férias um postal (mesmo
que morra). Um póstumo
postal. E sem remorso.
Já que não se morre apenas
de falta de correspondência...




vitor matos e sá
companhia violenta
centelha
1980




17 dezembro 2012

eugenio montale / traz-me um girassol




Traz-me um girassol para que o transplante
no meu árido terreno
e mostre todo o dia
ao espelho azul do céu
a ansiedade do teu rosto
amarelento

Tendem à claridade as coisas obscuras
esgotam-se os corpos num fluir
de tintas ou de músicas. Desaparecer
é então a dita das ditas

Traz-me tu a planta que conduz
aonde crescem loiras transparências
e se evapora a vida como essência
Traz-me o girassol de enlouquecidas luzes.




eugenio montale
a religião do girassol: uma antologia
tradução de jorge sousa braga
assírio & alvim
2000



16 dezembro 2012

mário henrique leiria / origem dos sonhos esquecidos




Entre a bicicleta e a laranja
vai a distância de uma camisa branca

Entre o pássaro e a bandeira
vai a distância dum relógio solar

Entre a janela e o canto do lobo
vai a distância dum lago desesperado

Entre mim e a bola de bilhar
vai a distância dum sexo fulgurante

Qualquer pedaço de floresta ou tempestade
pode ser a distância
entre os teus braços fechados em si mesmos
e a noite encontrada para além do grito das panteras

Qualquer grito de pantera
pode ser a distância
entre os teus passos
e o caminho em que eles se desfazem lentamente

Qualquer caminho
pode ser a distância
entre tu e eu

Qualquer distância
entre ti e eu
é a única e magnífica existência
do nosso amor que se devora sorrindo.

(1949)



Publicado, inédito, por Mário Cesariny na revista "MELE - International Poetry Letter", revista de Honolulu dirigida por Stefan Baciu cujo número de Março de 81 foi integralmente dedicado aos poetas surrealistas portugueses. 



15 dezembro 2012

césar vallejo / os passos remotos




O meu pai dorme. O seu nobre semblante
é como um coração apaziguado;
está tão doce agora...
se há nele algo de amargo, serei eu.

Há solidão na casa; e reza-se;
e dos filhos não houve hoje notícias.
Meu pai acorda, considera
a fuga para o Egipto e um suspenso adeus.
Está agora tão perto;
se há nele algo distante, serei eu.

E minha mãe passeia além na horta,
saboreando um sabor já sem sabor.

Está agora tão suave,
tão longínqua, tão amorosa e nítida.

Há solidão no lar sem reboliço,
sem notícias, sem verdes criancices.
E se há algo quebrado nesta tarde
que diminui e crepita
são dois velhos caminhos brancos, curvos.

A pé, por eles vai meu coração.




césar vallejo
tradução de nicolau saião



14 dezembro 2012

edgar allan poe / os sinos




1.
Escutai os trenós com sinos:
De prata, os sinos!
Que mundo de tanta alegria sua música anuncia!
E, retinindo, tilintam
No ar glacial nocturno!
Enquanto, em despique, as estrelas,
Salpicando os céus, cintilam
Com cristalino deleite;
Marcam tempo com aprumo
Como uma rúnica rima,
Nas tintibulações do ritmo—propaladas
Dos balidos dos chocalhos
Desses sinos, sinos, sinos:
Desses sinos que repicam seus badalos.

2.
Escutai das bodas os sinos:
De ouro, os sinos!
Que mundo de tanta harmonia em bonança anunciam!
No ar da noite tão fresco
Seu deleite é como um eco!
Notas de ouro se fundindo
Como um coro!
Canto dúctil que flutua
Até à rola que arrulha
Vendo a lua!
Oh, das celas onde se exala
É tremenda a eufonia que se escoa pelas salas!
Como apela!
E interpela
O futuro!—Como fala
Desse transe que impele
Ao balancear cadenciado
Desses sinos, sinos, sinos!
Dos carrilhões afinados,
Sinos, sinos, sinos, sinos:
Desses sinos que tremulam seus trinados!

3.
Escutai o alarme dos sinos:
De bronze, os sinos!
Que conto de tanto pavor sua turbulência ensina!
No ouvido ferido das Trevas,
Vociferando, gritantes,
De susto não podem falar!
Só sabem guinchar, guinchar
Dissonantes.
Num apelo clamoroso ao fogo todo-poderoso...
Numa irada reprimenda contra o fogo revoltoso,
Saltando alto, mais alto,
Com ânsia desesperada
E propósito obstinado:
Agora—ou nunca, alcançar
A face da lua pálida.
Oh, os sinos, sinos, sinos!
Que afligido conto ensinam
De terror!
Com que rugidos, furor,
Derramam o seu horror
No seio do túrgido ar!
Contudo o ouvido bem sabe,
Pelo estrídulo vibrar,
Como o perigo vaza e sobe...
Sim, o ouvido bem distingue
Pelo altercado ruído,
Por esse uivo diferido,
Que o perigo cresce e se extingue,
Pelo aplacar dos sinos ou por seu irado brado...
Desses sinos...
Sinos, sinos, sinos, sinos:
Desses sinos clamorosos com seu clangor destroçado!

4.
Escutai os dobres dos sinos:
De ferro, os sinos!
Que mundo de ideias tão graves invoca sua monódia!
E na noite sem rumor
Estremecemos de pavor
Ao sentido tão dolente desse tom!
Desse som que se decanta
Da ferrugem das gargantas
Tão rangentes.
E as gentes... ah, as gentes
Que vivem nos campanários
Solitárias,
E que dobrando, dobrando,
A monótona canção,
Se orgulham de estar rolando
A laje no coração...
Não são homem nem mulher...
Nem feras são...
São os Ghouls:
E é seu rei quem dobra os sinos,
E que com eles entoa
O Péan que assim ressoa!
E alegre enfuna o peito
Com esse Péan que ecoa!
Dança ao ritmo, e como troa!
E ao ritmo acerta o rumo,
Marca o tempo com aprumo
Como uma rúnica rima,
Ao Péan que assim ressoa
Desses sinos!
Desvairados realejam
Esses sinos, sinos, sinos...
E, redobrados, arquejam,
Regem tempo com aprumo,
E ele enfuna o peito à loa,
Álacre rima de runa
Dos sinos que vibram, ressoam,
Pulsam sinos, sinos, sinos...
Esses sinos tresloucados...
Sinos, sinos, sinos, sinos:
Sinos que rangem e plangem aos finados.



edgar allan poe
tradução de margarida vale de gato


13 dezembro 2012

martin opitz / epitáfio de um cozinheiro




Como o mundo em geral anda sempre às avessas!
Aqui um cozinheiro seu descanso encontrou,
Que em vida muitos e bons pratos cozinhou.
Comem-no agora os vermes – cru e sem travessas!



martin opitz
o cardo e a rosa
tradução de joão barrento
assírio & alvim
2002


12 dezembro 2012

andréas empeiríkos / a rapariga



  
A casa está a transbordar de alegria
Como uma bilha cheia de leite ao sol
Uma rapariga à janela ocultamente
Dá os seus seios às pombas.

Repletos palpitam os seios
Espetam-se os mamilos
Titilam-nos as aves
E subitamente o leite transborda.



andréas empeiríkos
a ternura dos seios
trad. de manuel resende