dos dias, a invasão do medo e a dissociação das coisas
repetidas. É preciso, excessivamente, promover
a comunicação do grande e do pequeno tempo,
convidar o imprevisto e o rosto inicial. Dispensaremos
os especialistas da evocação, os funcionários
que administram os lugares e comemoram o eterno.
Vamos antes recriá-lo todos nós para além
do espaço dos templos, teatros,
estádios, nadar no rio elástico
dos gestos e das vozes. É preciso
nelas a alegria e o vigor dos risos,
recuperar o jogo livre onde, a arder,
foram pronunciadas as primeiras regras
abrir os dedos, trocar as almas, emprestar os rostos,
confundir as vozes no cântico unânime e completo,
pegar fogo ao corpo dançando uns para os outros
nosso único público, hospedados no êxtase
e no possível, para explicarmos com palavras e corpos
o excesso e as fronteiras, a terra e o céu,
a luz e a sombra, a vida e a morte.
poesia do mundo
edições afrontamento
1995