19 julho 2011

daniel faria / as mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões

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As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo,
As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.

É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas
 
Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos

As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.
 




daniel faria
homens que são como lugares mal situados
fundação manuel leão
1998
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18 julho 2011

gilles lipovetsky / a era do vazio: ensaio sobre o individualismo contemporâneo

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“Anunciou-se precipitadamente o fim da sociedade de consumo quando é claro que o processo de personalização não para de lhe alargar as fronteiras. A recessão presente, a crise energética, a consciência ecológica não são o toque de finados da sociedade de consumo: estamos destinados a consumir, ainda que de outro modo, cada vez mais objectos e informações, desportos e viagens, formação e relações, música e cuidados médicos. É isso a sociedade pós-moderna: não o para além do consumo, mas sua apoteose, a sua extensão à esfera privada, à imagem e ao devir do ego chamado a conhecer a obsolescência acelerada, da mobilidade, da desestabilização. Consumo da sua própria existência através dos media desmultiplicados, dos tempos livres, das técnicas relacionais, o processo de personalização gera o vazio em technicolor, a flutuação existencial na e pela abundância de modelos, mesmo que condimentados de convivialidade, de ecologismo, de psicologismo. Estamos na segunda fase da sociedade de consumo, cool e já não hot, consumo que digeriu a crítica da opulência.”


 

gilles lipovetsky
a era do vazio: ensaio sobre o individualismo contemporâneo
trad. miguel serras pereira, ana luísa faria
relógio d´água
1988
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13 julho 2011

hélène monette / cálculo integral

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Quantas noites há neste planeta?
quanta paz na escuridão
de luz na sabedoria?
Quantos mortos até à morte?
Quanto?

Quantos passos traçaram
com os vossos pés, com as vossas mãos
quantas notas ligaram
quantas vozes enlaçaram
neste deserto sem fim?

Quanto amor há no vosso amor

vós que traçais na areia
os esquemas dos vossos conhecimentos
os teoremas do esplendor
a fórmula infalível da existência?

Quantas noites há na vossa vida?
Quantos oceanos no vosso corpo?
Quantas ilhas moram
no arquipélago atlântido da vossa alma?
Quantas velas nos vossos olhos
e o fogo
onde o puseram?
No léxico das vagas?
Na gramática do céu
hoje tão enevoado?

Quantos rodeios e convenções
quantas indecisões fratricidas
por princípio, em teoria
quantas vozes entorpecidas
no capítulo do coração?

Quanto amor no silêncio impossível deste planeta?

Que fizeram de tudo isso
por entre as ditaduras físicas
zombarias animais
extravios de suburbanos
entre os intelectos arrefecidos
e as comédias fraternais?
Que fizeram do vosso amor?
Que fizeram das vossa vida?
que disseram?

Quantos ramos de flores esmagados nas vossas mãos?
Quantas paixões alucinadas
quantas horas de gabarolice
por cada aventura inverosímil?
Quantas notas há no vosso amor?
Quantos objectivos?
Quantos talismãs  nos vossos preconceitos?
Quantas fogueiras?

Quanto rigor antropológico
quanta sinceridade
nesse desespero estruturado bem no mais fundo da cabeça
Quantas miragens exactas
nesta alegria empolada?
Quantas respirações controladas
no exercício da mentira
que nunca basta, nunca?

Quanto amor há no vosso amor?
Quantos dias na vossa vida?
Quantas mulheres e quantos homens
no vosso exército?
E que fardo os obrigam a transportar?

Quantas notas ligaram
quantas vozes enlaçaram
neste deserto sem fim?

E afinal, porquê?
  
 

 

hélène monette
poemas                                      
tradução de rosa alice branco
(encontros de talábriga)


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11 julho 2011

virgínia woolf / mrs. dalloway

 
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(…)

Uma terrível confissão (pôs novamente o chapéu), mas a verdade é que, agora, aos cinquenta e três anos, quase que não se precisa dos outros. A vida em si, cada momento da vida, cada gota sua, aqui, neste instante, agora, ao Sol, era suficiente. Demasiado, até. Uma vida inteira, agora que está adquirido o poder, era demasiado curta para se lhe gozar todo o sabor; para extrair-lhe cada grama de prazer, cada sombra de sentido; uma e outra coisa muito mais consistentes que antes, muito menos pessoais. Impossível que ele pudesse sofrer de novo como Clarisse o fizera sofrer. Passava horas e dias sem pensar em Daisy.

Amaria, então? Mas onde a desolação, a tortura, a extraordinária paixão daqueles dias? Era uma coisa completamente diversa – uma coisa muito mais agradável – pois a verdade era que ela agora estava enamorada dele. Foi talvez por isso que, quando o navio zarpou, sentiu um extraordinário alívio e o que mais desejara era estar sozinho, e aborrecera-lhe achar na cabina todas as atenções dela – cigarros, papel, uma manta de viagem. Todos, se fossem sinceros, diriam o mesmo, não se precisa dos outros depois dos cinquenta; não se precisa andar a dizer às mulheres que são lindas; eis o que a maioria dos cinquentões devia confessar, pensou Peter, se fossem sinceros.
(…)





virgínia woolf
mrs. dalloway
trad. mário quintana
livros do brasil
1954
 
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08 julho 2011

sharon olds / primeira noite

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Eu dormia debaixo de ti,
quieta e escura, tão deserta
como uma paisagem de campos, o meu sangue lentamente
secando entre nós, a brecha na minha carne
começando a sarar, aberta, uma fronteira
irreversivelmente abolida.
Os habitantes do meu corpo começaram a
erguer-se no escuro, a fazer as malas, a mudar-se.


Toda a noite, hordas de gente
em roupas pesadas mudaram-se para sul dentro de mim,
com as casas às costas, sacas de
grão, crianças pela mão, debaixo
de um céu como fumo. Os pastos
deslocaram-se centenas de milhas. Alguns animais,
de repente, quase se extinguiram,
uma ou duas formas singulares,
nodosas, nas partes opostas da terra.
Outras formas se multiplicaram,
Massas de asas de um vermelho escuro
Jorrando de parte nenhuma. Os rios mudaram de curso,
a linguagem deu uma volta
completa sobre si
e encaminhou-se na direcção oposta.
Ao amanhecer, as migrações tinham terminado. Secou
a derradeira orla do laço de sangue,
e como um animal recém-nascido prestes a ser ferrado
abri os olhos e vi o teu rosto.


 



sharon olds
satanás diz
trad, margarida vale de gato
antígona
2004
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07 julho 2011

mário cesariny / passagem de emile henri

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Era no tempo da palavra papel
da pluma bem comida lançando ideias de justiça aos chineses
da espingarda de ar podre ao ombro de cada um
 

Depois de ver com os seus próprios olhos como é que a ratazana
         toma o seu cházinho
Emile Henri
escritor da literatura da dinamite
lança a segunda bomba à porta do Café Términus
dado que: da má distribuição da riqueza e das coisas boas da Terra
TODOS SEM EXCEPÇÃO TÊM A MÁXIMA CULPA





mário cesariny
pena capital
assírio & alvim
1982
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06 julho 2011

pablo garcía baena / dia da ira

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Despe-me, já não tenho outra coisa.
Quase gelado o lábio de beijar tanta morte.
Retalha meu olhar, deixa os olhos sem lágrimas
como uma carne mísera, tépida para as moscas.
Sobre tua pedra estou, não vencido, amarrado:
fere e sob o turvo cano do sangue pereça
o impuro animal de cálido vagido,
pois ele amou a carne e seu comércio
e para ele o pranto foi carnal, como um medo
cobarde de pombas ainda implumes nas mãos
e a oração uma pétala entre os dentes manchada.
Raspa, arranca-me da língua o seu nome, se tens
no dia do rigor uns favos de doçura
e opera com teu longo bisturi de clemência
o coração, a entranha que não se fatigou
nem esqueceu no torpor das noites e do vinho
e que implacavelmente perseguias
pelas estreitas ruas da tristeza antiga.
Corta dos dedos sua teia de afagos
e deixa minhas mãos apalpar cegas e alheias
o tecido longo e frio da desilusão.
 Inerme sobre o mármore oiço o teu vento
de trompas levantadas à luz derradeira,
quando o anjo apaga a lucerna do tempo
e remove as ligaduras,
o sombrio aposento das urnas,
o buraco tão escuro, o cenotáfio…
Porque estou nu diante de ti e temo-te.
 




trad. josé bento
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001
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05 julho 2011

antónio franco alexandre / tríptico nómada

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I  — nova Iorque, um
 

1
outras manhãs
molha o papel na cinza dizendo: «os meus,
ninguém que adivinhasse a mesa rasgada, as meias
balões verdes de areia pesando ao contrário dos olhos ao
pénis, demasia fácil.

2
descruzando o mostrador, para passar
o lápis partido a meio da boca
«seios, igualmente desertos
na quadragésima segunda rua
anos: ardendo
as botas, de cavalaria

3
não tocamos na vaca
lenço preso à narina mais branca
o cuspo manchou todas as vitrinas
sentando-se, que o sangue apodrece
o arame dos testículos
apareceu por acidente adormecido
na janela com chuva

4
ou que não gira, mas
uma palpitação colada aos seios da cama
o polícia negro maneja a ventoinha sobre
retratos, uma moldura mostrando
a lápis, assinado rembrandt.

5
alimentando-se, outras
de aço fundido atrás dos anjos
desabotoando as rosas no urinol azul
helicóptero justamente às 5 e trinta apertando
a narina mais larga contra o peito
dos arranha-céus
«a boca,
urna pedra acaba de cair muito mais tarde.

6
por lentidão ou por ser
o olho da vaca acende e apaga lápis
aparados no televisor uniformernente liso

o perfeito animal
entre as coxas do peixe suor branco
alheio à solidão.

7
por times square o tempo de virar
urna narina ao lado do silêncio
alisando as verrugas molha na cinza
o pénis da hora
na vitrina inconsolável presidente violeta
«são sensíveis,
animal perfeito, ninguém que descubra
o enxame inclinado nas axilas
 
8
a boca abre-se em duas cores com
plernentares acrílicas ligeiramente so
brepostas;
a chávena na ponta do braço direito a
vança hesitando e o líq
uido quente enfia no buraco da carne
uma lufada de casas intermitentes
«pequeno almoço em tiffany’s».
 
9
apenas o ar, dedos
enfiados no anel manejando o arame visível, até
as fezes do néon finalmente dissolvem
penumbra, o cacho «meramente,
aperta nos lábios uma saliva incómoda
 
10
espalhando o alcatrão por sobre a zona
entre as nádegas o cuspo mais facilmente seca
a viúva que o gelo conservou sem perca
«ao frio,
outras
agarrando nos dentes a pedra portátil
espera que o mundo caminhe ao contrário
em direcção ao esperma deixado
vagina sem mãe.
 


 

antónio franco alexandre
(tríptico nómada)
poemas
assírio & alvim
1996
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04 julho 2011

gil t. sousa / é preciso dizer

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35

é preciso dizer
que não há mais nada a celebrar
nem os homens
nem as ideias
nem o tempo
 
essa fenda
que te atravessava a vida
esse rasgão generoso
que te aproximava os céus
fechou-se
 
estás perante o escuro silêncio
das coisas mortas
 
não abandones os espelhos
 
ainda que quebrados
eles são o palácio derradeiro
o último jardim
a gota impossível
de secar
 
guarda aí a semente
as palavras
as vozes
as imagens
 
porque o amor
é um minucioso trabalho do tempo
em direcção à morte
 
 


gil t. sousa
falso lugar
2004
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03 julho 2011

josé tolentino mendonça / hotel inglês

 
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Aprendo muito quando o verão acaba
para lá das coisas habituais
o sinal ardente, primitivo:
uma espécie de abandono sem socorro
diferente da rendição
 
apercebo-me do frio pela primeira vez
no vento, na água
alugamos bicicletas para chegar à costa
à procura do que resta
uma estação
onde as imagens não naufraguem
a cada instante

também eu me recuso a dizer apenas
o que pode ser dito
 




josé tolentino mendonça
a que distância deixaste o coração
assírio & alvim
1998
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02 julho 2011

raul de carvalho / amiúde

 
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No vale dos afectos
ninguém está seguro:
mingua a lembrança,
Esquece-se o rosto,
Retorna-se ao eu,
Os lábios secam, as palavras dormem, os sonhos dispersam-se, a
presença ausenta-se, há o lago de que não se vê o fundo –
 
E apenas as pequenas ilusões
- um café, o cigarro, a limonada –
Imitam dois corações unidos…
 

 


raul de carvalho
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001
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29 junho 2011

nános valaorítis / as portas

 
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As portas fechando-se súbito uma noite
Podem isolar-nos para sempre
Dos nossos ouviremos só as vozes
Vazias e distantes, as chaves
Não servirão mais nas fechaduras
E assim os reinos vão permanecer
Obscuros e imóveis nos aposentos contíguos
Com seus tronos vacantes, depostas e quebradas as espadas
Os cavalos atados às manjedouras
Sonharão com luas e com sabres.
 
Em momentos que tais não me perguntes pelas vozes
Que se escutam com frequência à noite, longe
Eu não as quero ouvir nem saber o que dizem
Temo não reconhecer os túmulos secretos dos amigos meus
Que derrotados, dispersos na planície
Ou escondidos nas cidades, defrontam a ruína
Não me perguntes que eu não sei dizer
Os bairros são pequenos, as mulheres venenosas
A cidade está repleta de mortos. Deixa-me viver.
 
 



nános valaorítis
trad. josé paulo paes
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001
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( passo este poeta grego em homenagem aos que neste momento lutam nas ruas de Atenas, enquanto a Europa dorme)
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27 junho 2011

al berto / quinta de santa catarina

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3.

     pouco mais há a dizer, caminho largando os últimos resíduos da memória. fragmentos de noite escritos com o coração a pressentir as catástrofes do mundo. a grande solidão é um lugar branco povoado de mitos, de tristezas e de alegria. mas estou quase sempre triste. algumas fotografias revelam-me que noutros lugares já estivera triste, por exemplo, no fundo deste poço vi inclinar-se a sombra adolescente que fui. água lunar, canaviais, luminosos escaravelhos. este sol queimando a pele das plantas. caminho pelos textos e reparo em tudo isto. o que começo deixo inacabado, como deixarei a vida, tenho a certeza, inacabada. o mundo pertenceu-me, a memória revela-me essa herança, esse bem. hoje, apenas sinto o vento reacender feridas, nada possuo, nem sequer o sofrimento. outra memória vai tomando forma, assusta-me. ainda quase nada aconteceu e já envelheci tanto. um jogo de estilhaços é tudo o que possuo, a memória que vem ainda não tem a dor dentro dela. as fotografias e os textos, teu rosto, poderiam projectar-me para um futuro mais feliz, ou contarem-me os desastres dos recomeçados regressos. mas, quando mais tarde conseguir reparar que a vida vibrou em mim, um instante, terei a certeza de que nada daquilo me pertenceu. nem mesmo a vida, nenhuma morte, na mesma posição, reclinado sobre meu frágil corpo, recomeço a escrever, estou de novo ocupado em esquecer-me. a escrita é precária morada para o vaguear do coração. resta-me a perturbação de ter atravessado os dias, humildemente, sem queixumes. anoitece ou amanhece, tanto faz.





al berto
o medo
assírio & alvim
1997
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