fabricantes de badalos para sinos de betume,
caro Georges, anda ver o meu país de gazeteiros,
entre o pau que vai e vem, infelizes foliões,
de costas para o mar. Anda ver estes Manéis,
dobrados de avidez, os dedos dominados
por volantes suicidas, abolidos entre fados,
manivelas, promoções. À porrada que lhes dão
chamam-lhe futuro, receiam mais os livros
do que a morte dum irmão e é com gosto
que preparam a cabeça para o golpe do carrasco.
Das Marias só te conto a mania do verniz,
os derrames de perfume no altar da pequenez,
a vida cambiada pelo crédito de gritos.
Anda, caro Georges, anda ver e depois diz-me se
o pior da alma humana vem ou não à superfície,
como o lodo, quando séculos de pez e abulia
são bulidos por correntes de paixões bonificadas,
num caseiro leva-e-traz de catilinas ambições,
de paixões inoculadas pelo gosto de morrer
a cada dia um poucochinho.
ulisses já não mora aqui
língua morta
2014
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