O nosso destino, chumbo fundido, não pode mudar
nada pode fazer-se.
Deitaram o chumbo fundido na água debaixo das estrelas e
as fogueiras podem arder.
vês
vês o homem passar no fundo do espelho
o homem dentro do teu destino que governa o
teu corpo,
dentro da solidão e do silêncio o homem
da solidão e do silêncio
e as fogueiras podem arder.
à hora em que se cortou o tempo
aquele que desde agora e antes do princípio governava
o teu corpo
tens de encontra-lo
tens de procura-lo para que pelo menos
outro alguém o encontre, quando tiveres morrido.
diante das labaredas dentro da noite quente
por uma criança, ó Heróstrato)
e deitam sal dentro das chamas para que crepitem
(Como olham estranhamente as casas de súbito para nós,
cadinhos das pessoas, quando as afagar
um reflexo).
batido pelo mar
o entardecer em que a serenidade caiu
ouviste de longe a humana voz da solidão
e do silêncio
dentro do teu corpo
aquela noite de S. João
quando se apagaram todas as fogueiras
e estudaste a cinza debaixo das estrelas.
caderno de exercícios
poemas escolhidos
trad. de joaquim manuel magalhães e nikos pratisinis
relógio d´água
1993
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