a minha cabeça é a sétima da ponta,
ou talvez a quarta da esquerda
ou a vigésima a contar do fundo;
já não una, já não única,
já semelhante às iguais,
nem de mulher nem de homem;
são particularmente nulos;
mas ela a ele não o vê;
alimentada de cabos e de aço,
a mais serena e globalmente;
sem desespero de ser substituível;
à parte e ao meu modo;
cheio de anónimas caveiras
muito razoavelmente conservadas
embora perecíveis;
minha cabeça alheia, qualquer uma,
talvez seja do profundo futuro.
paisagem com grão de areia
trad. júlio sousa gomes
relógio d’água
1998
Sem comentários:
Enviar um comentário