na ponta de uma estrela
havia muito medo na saliva
e pensei que disto poderia livrar-me
lambendo essa fria luz.
recentemente fiz minha língua
um astro repleto de espinhos
sei que queria dizer ternura
mas só consegui falar agudo e frio.
refugiei-me do tumulto
na gruta da boca
acabei me confundindo
com as pensas estalactites
isso fez o abrigo
se passar por perigo
e senti a discórdia entre os dentes
me amassando como um teto baixo
queria dormir a paz
de quem se vai sem pedir perdão
o sono das estrelas
que se esqueceram da crueldade
mas meu perdão era cruel
como quem o pede
sem se arrepender.
euOnça_3
editora medita
2014
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