06 maio 2020

manuel resende / vida



Vida passajada, alinhavada
Cerzida, em ponto de cruz, ou de estrada,
Ou de pérola, tenho-te tratado
Com todos os cuidados –
E tu, madrasta, sempre
Logo num ai devoras o almoço que eu
Preparei com tanto amor, a manhã inteira.
Sempre a começar de novo, sempre a dar-me outra manhã,
Quando a de ontem já me bastava para toda a vida.


manuel resende
poesia reunida
edições cotovia
2018










1 comentário:

MARIA DA FONTE disse...

Lindo! Gostei muito.