31 maio 2020

eugénio de andrade / rosa de areia



Enquanto
um calor mole nos tira a roupa
e mesmo nus sobre a cama
os corpos continuam a pedir água
em vez de outro corpo,
penso no tempo em que o suor
e a saliva e o odor e o esperma
faziam dessa agonia
a alegria
a que chamávamos amor.


eugénio de andrade
rente ao dizer
poesia
fundação eugénio de andrade
2000







1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

E esse tempo já não existe?
.
Um domingo feliz