são poucas as coisas que são-tudo. uma cadeira em
equilíbrio é-definitivamente-tudo. a rua onde mora. o lembrar. as-telhas de ver
porque apenas reflexo, e o silêncio da cor, que não-mais do que uma ausência
muito constante de livros-à conversa com os pássaros. quando a conversa dos
pássaros é tudo é-mais do que tudo. e o mar é-sempre
porque saber mentir é semelhante a escrever nas costas-dos postais. é
semelhante a demorar muito nos sítios-de passagem. é semelhante a acreditar nas
árvores. no tempo de que são feitas as árvores. é quase igual a acreditar. e
depois. e depois, são poucas as coisas que são-tudo. como: uma cadeira em
equilíbrio é-definitivamente-tudo. e se alguma semelhança existe entre a gaveta
e as coisas que guarda. a semelhança é possivelmente mais, e o mar é-sempre
15/03/01
joão do nascimento
apeadeiro
revista de atitudes literárias
n.º
2 primavera de 2002
quasi
2002
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