24 dezembro 2019

eeva-liisa manner / nada



«No se puede vivir sin amar.»
«Si, se puede», respondi
vestindo-me de negro
para o último baile de máscaras.

A minha boca estava cheia de poeira
como se o choro me secasse a garganta
– no entanto não choro desde há um século.

Não desejo o vosso céu, compañeros,
as luzes infames, os falsos amigos,
as ruas dos beijos,
as mentiras dos espelhos voadores.

Quero quebrar o último selo,
uma lua que não ilumina,
uma noite onde nada reluz.



eeva-liisa manner
trad. egito gonçalves
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990





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