09 novembro 2018

andré domingues / estudo para um beijo




Era o fim do sonho europeu.
Como um animal preso numa linha férrea
eu queria que a figura da morte fosse dita
que te atravessasse a parte plena das artérias
e que algo amanhecesse ao mesmo tempo
como amanhece um pavor alegremente

dos lábios, da terra, dos espaços em branco
do interdito e da flor insólita das penínsulas
eu queria poder voltar a unir os continentes
neste poema.

E deixar os rios apenas a pairar
no fogo das florestas
como alguns sorrisos para
no momento de existir.



andré domingues
nervo/2
colectivo de poesia
janeiro/abril 2018










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