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o chão da história move-se;
repentinamente abre fendas, e então melhor se ouve o motor que trabalha, - é
uma espécie de mar.
as coisas resvalam, a fauna
e a flora desse mar rolam pelas suas idades, estremecem, uivam, precipitam-se
em frente.
espera um pouco, - ouve,
dentro dos pulmões do mar, alveoladas entre os limos e os peixes mais quietos,
as ovas pantanosas destas branquíssimas borboletas que zumbem no teu amor a
vertigem e a ameaça.
até pode ser que a doença
cresça e magoe.
por um momento tu
inclinas-te e lavas, nessas águas que ardem, «o focinho lavado em sangue».
Mas aprendes ou não aprendes
que em algum momento no futuro, no futuro!, te agitas na alegria?
(dedicatória)
manuel gusmão
dois sóis, a rosa
a mesa (d)o mar (1979)
caminho
1990
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