Carcaça que sou, flutuo entre duas comportas:
repouso na cama do hotel enquanto à minha volta a cidade desperta.
o bulício abafado e o cinzento do amanhecer penetram no quarto
e devagar transpõem-me para a fase seguinte: a manhã.
Escuto o horizonte. Os mortos querem dizer algo.
Fumam mas não comem, não respiram embora lhes reste a voz.
Como um deles, andarei apressado pelas ruas.
A catedral enegrecida, pesada como uma lua, é maré de águas vivas.
tomas tranströmer
50 poemas
tradução de alexandre pastor
relógio d´água
2012
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