21 setembro 2017

anna akhmatova / no quadragésimo ano



5.

Eu, porém, aviso-vos
Que vivo pela última vez.
Nem de andorinha, nem de plátano,
Nem de canavial, nem de estrela,
Nem de água de uma fonte,
Nem de repicar os sinos –
Virei perturbar as pessoas
E os sonhos alheios visitar
Com um gemido insaciado.

1940



anna akhmatova
poemas
trad. joaquim manuel magalhães e
vadim dmitriev
relógio d´água
2003







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