17 novembro 2016

vitorino nemésio / a árvore do silêncio



Se a nossa voz crescesse, onde era a árvore?
Em que pontas, a corola do silêncio?
Coração já cansado, és a raiz:
Uma ave te passe a outro país.

Coisas de terra são palavra.
Semeia o que calou.
Não faz sentido quem lavra
Se o não colhe do que amou.

Assim, sílaba e folha, porque não
Num só ramo levá-las
com a graça e o redondo de uma mão?

(Tu não te calas? Tu não te calas?!)



vitorino nemésio
canto de véspera
antologia poética
asa
2002




1 comentário:

Mar Arável disse...

Bela memória viva