12 novembro 2016

al berto / panos estendidos



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Panos estendidos sobre os animais mortos
névoa
escondendo a paisagem onde caminha o corpo
que esqueceste no limiar da manhã

senta-te na cama - toca nos animais
solta-os e vais ver que a paisagem gravou
sombras nos olhos -fecha-os
para que tudo arda com a intensidade de um astro

dá as mãos e o coração
às feras do crepúsculo - quando o termómetro
marcar 39 e meio e nas pálpebras se abrirem
charcos de trevas... mas

por agora
fica sossegado -bebe o leite quente
aconchega as mantas - dorme
com o fio da gadanha enrolado ao pescoço



al berto
o último coração do sonho
editora quasi
2000





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