18 novembro 2016

irene lisboa / assim se vive



Anda uma pessoa fechada consigo.
Assim se vive.
Se vive, se finge que vive.

Lindos dias
Atravessam-se jardins, vê-se gente.
E a paz e o movimento e fora e dentro de casa
um vácuo, um vácuo!

Não dei aquele beijo…
Não o podia dar.
Mas senti que mo pediram.
Aquela mansidão!
Não era bondade, era só desejo.

Não dei aquele beijo que devia ter dado e acei-
tado se fosse mais hábil.
Dado e aceitado sem amor profundo.
Amor profundo!...
Tão raro, tão imprevisto, tão mal praticado!
Gosto do amor? Talvez.
Desespero, desespero apaixonado.



irene lisboa
umdia e outro dia…
outono havias de vir
obras de irene lisboa
volume I poesia I
editorial presença
1991





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